Baixa autoestima, além do espelho
Olhar-se no espelho pode ser um desafio em alguns dias. Muitas pessoas enfrentam esse desafio todos os dias e não apenas com o espelho. Quando falamos de autoestima, podemos considerar um espectro variado de causas e situações que ultrapassam a imagem corporal. A autoestima é tudo aquilo que se pensa e sente em relação a si mesmo.
Você pode não se sentir suficiente para estar numa relação amorosa ou para manter amizades; sentir-se desinteressante a ponto de não tentar criar novos vínculos, um fardo para aqueles que te cercam, acreditar que não sabe o bastante sobre nada, portanto não pode opinar sem que pensem que você não é inteligente, crê que não tem “a personalidade certa” e portanto nunca irá se encaixar e que seus gostos e preferências não são importantes ou bons o suficiente para compartilhar com alguém.
Já sabemos que a estrutura da sociedade em que vivemos se baseia em insatisfação. Levando em consideração também que dentro de recortes da sociedade alguns grupos sofrem com baixa autoestima crônica devida a cor da pele, sexualidade e gênero, por exemplo.
Na última década, as redes sociais potencializaram todas essas insatisfações. O que estamos consumindo e aceitando como verdade absoluta?
Tenho observado, com muita frequência, dentro e fora do consultório, a crença de que para ser feliz precisamos nos encaixar no que está sendo exposto. Personalidades extrovertidas são superestimadas, corpos querem ser transformados, e tudo bem se isso for um desejo genuíno, mas a pergunta é: esse desejo é realmente seu, ou apenas foi colocado na porta da sua casa, você recebeu e tomou para si?
Você não pode ser feliz sendo uma pessoa introvertida? Porque seu corpo não pode ser o que você quiser que ele seja? É realmente necessário ler Machado de Assis, Tolstói e saber sobre política para ser inteligente?
São muitos pontos de interrogação porque a intenção do texto não é dar uma receita pronta de como melhorar sua autoestima e sim te perguntar de onde estão vindo essas idéias, se são realmente suas ou postaram que agora é preciso ser assim?
O caminho de gentileza para si mesmo é uma escalada difícil, crescemos sem saber que é possível; só nos ensinam sobre punição e necessidade de adequação.
Com certeza não nascemos com esses sentimentos, eles são postos como verdades ao longo da vida e nós apenas recebemos de maneira passiva até o dia que decidimos olhar e questioná-los.
Se depois dessa análise honesta decidir que mudanças devem ser feitas vá em frente, até porque quando achamos que nos conhecemos o bastante, provavelmente já somos outra versão ainda desconhecida, de nós mesmos.
Apaixonada por psicologia. Sou Bacharel em Psicologia pela Universidade Mogi das Cruzes (UMC); Especialista em Terapia cognitivo-comportamental (TCC) pelo instituto de saúde Sanar e Pós Graduanda em Neuropsicologia pelo Centro Universitário São Camilo. Atendimentos clínicos online para todo o Brasil e presencialmente na cidade de Arujá. Confira mais detalhes sobre mim e meu trabalho clicando aqui.