Como não enlouquecer antes dos 18
Dizem que: você passa tempo demais no celular; não se esforça na escola; não dá valor para o que tem; não reconhece todo o esforço que fazem para te fazer feliz. Mas tudo que você consegue enxergar na verdade é um monte de gente tentando ditar a maneira que você deve agir e levar sua vida.
A geração Z (pessoas que nasceram entre os anos de 1995 e 2010) é a primeira a nascer em um mundo totalmente tecnológico (a geração Y ainda precisava de computadores e internet discada). Eu não sou tão velha e acredito que até faço parte dessa geração, mas ainda lembro do mundo sem internet, em que as notícias “demoravam” para chegar; a televisão era o meio mais “confiável” de informação, e rede social era sua agenda telefônica. Ótimo fazer parte dessa mudança, as coisas aconteceram rápido, hoje ninguém se imagina sem smartphones e 4g. Porém existe o outro lado da moeda.
Os jovens nunca se sentiram tão cobrados e pressionados; a avalanche de estímulos e notícias a que estão expostos diariamente é algo inédito e, a longo prazo, ainda não sabemos quais serão as consequências de tanta exposição. A curto prazo podemos observar que muitos jovens estão ansiosos e deprimidos, hoje o Brasil é o país mais ansioso da América latina (https://jornal.usp.br/atualidades/brasil-vive-surto-de-depressao-e-ansiedade/).
Não podemos colocar a culpa inteiramente na tecnologia. A pressão surge de todos os lados. O jovem sai do ensino médio aos 17 anos, passou 12 anos da vida se preparando para passar no vestibular. Não aprendeu que não pode pagar o mínimo do cartão de crédito; não sabe fazer um planejamento financeiro; e a única possibilidade de vida que lhe foi apresentada (caso tenha estrutura para isso) foi a necessidade de passar no vestibular. Eu me pergunto quem é o sortudo que aos 17 anos sabe o que quer fazer da vida. As vezes rola, mas não é assim com todo mundo.
Então temos jovens espectadores de vidas perfeitas em redes sociais, que olham para a própria existência e não enxerga sentido. Óbvio, as pessoas te olham como se tivesse a obrigação de ter alcançado o sucesso assim que terminou a faculdade. É proibido ficar em dúvida sobre a vida no século XXI; você precisa resolver tudo para ontem! – “olha seu primo, já se formou e acabou de abrir o próprio negócio”. – E você só consegue pensar como seria legal trabalhar com os jogos online. Ou como seria bom ter tempo para se dedicar a uma causa.
Se você “só trabalha”, é considerado preguiçoso. Atualmente o jovem precisa trabalhar, estudar (não pode trancar seu curso atual, tem que saber o que quer de cara), estudar um idioma, ter tempo para família, para os amigos, postar nas redes, estar sempre arrumado, e tem que ser energia positiva, porque né, “energia negativa não dá”.
Queridxs, eu sei como é difícil, mas não caiam nessa pilha. Se você não está sentindo-se bem coma sua rotina, se nada disso faz sentido e você PUDER mudar, mude. Não precisa ser tudo para ontem, não precisa ser “energia positiva” o tempo inteiro, ninguém é. Acreditem ou não as pessoas só postam os momentos felizes no Instagram. A vida só está começando e dos 15 aos 25 anos você será no mínimo umas 3 pessoas diferentes.
Então, para não enlouquecer, respeite seu tempo, seu ritmo, escute quem está a sua volta, mas em primeiro lugar, se escute e busque autoconhecimento. Assim as coisas serão mais leves, você verá.
Apaixonada por psicologia. Sou Bacharel em Psicologia pela Universidade Mogi das Cruzes (UMC); Especialista em Terapia cognitivo-comportamental (TCC) pelo instituto de saúde Sanar e Pós Graduanda em Neuropsicologia pelo Centro Universitário São Camilo. Atendimentos clínicos online para todo o Brasil e presencialmente na cidade de Arujá. Confira mais detalhes sobre mim e meu trabalho clicando aqui.